Pedro estava de olhos fechados e relembrava acontecimentos de sua infância ...
Brincava com dois amigos perto de sua casa . Ele havia feito nove anos e sua mãe fizera um bolo simples com refrigerantes para os colegas cantarem parabéns . Ganhara de presente de seu pai , um caminhãozinho.
Flavio, seu amigo de brincadeiras , tinha dez anos e José Roberto estava com onze.Os dois arrastavam pelo chão seus carrinhos feitos delatas deazeite vazias,amarradas com barbante e Pedro empurrava seu caminhão . Colocavam terra dentro das latas e diziam transportar areia para a construção de uma ponte imaginária . Depois , Pedro levava alguns pauzinhos achados na rua e colocava num buraco . Era a ponte .
Ficaram ali , durante algum tempo , rindo e falando da tal ponte , levando terra e jogando no buraco .
De repente , Flavio parou e olhou na direção das moradias . Ele viu que uma casa estava com a porta aberta . Flavio falou baixinho:
– Olha só . A casa aberta . Vamos lá ?
Pedro e José Roberto se assustaram. Pedro falou:
– Não , Flavio. Deve ter alguém !
– Ora , se tiver, a gente volta ! respondeu Flavio.
– Vamos devagar ... disse o Zé .
Pedro não estava gostando daquilo. Alguma coisa dizia pra ele que não estava certo , mas acompanhou seus colegas .
Abriram mais a porta . Ninguém . Entraram de mansinho. Em cima da mesa viram um relógio de metal . Os meninos se entreolharam. Como se fosse um gato , com total destreza , Flavio pegou o relógio , enfiou embaixo da camisa e fugiu para sua casa . Zé e Pedro correram também , cheios de medo . Ouviram barulho de tosse no outro cômodo da casa .
Chegando em casa , Pedro chorou e contou o acontecido para sua mãe . Dona Maria, pessoa calma e correta , conversou com o filho , aconselhando-o a não mais brincar com o Flavio, pois era má companhia . Disse-lhe que ele tinha passado enorme perigo , porque se o dono da casa os visse, chamaria a polícia e eles seriam cúmplices . Explicou que ninguém deve pegar nada que não seja seu , que um menino que comete um roubo , depois outro e mais outro , fica viciado em roubar . Esse menino passa a não ser mais acreditado em lugar algum . Ninguém o quer na sua casa , com medo que ele subtraia algum objeto . Nada é mais triste do que alguém em quem não se confia. Olhar para qualquer quantia em dinheiro , seja uma moeda de um real ou um milhão , que não seja seu
,
enão tocar nela, isso se chama honestidade .
,
e
Pedrinho ouviu tudo e chorou com pena do Flavio.
Pedro abriu os olhos e sorriu. Aquilo fazia tanto tempo !... Agora era um homem e se tornara um torneiro mecânico numa grande fábrica de automóveis .
José Roberto também conseguiu vencer as dificuldades . Sua mãe costumava conversar com ele . Elogiava seus trabalhos da escola e dava umas “broncas ” quando necessário . Ele se tornou soldado do Corpo de Bombeiros .
Procurem, meus amigos , discernir entre o bem e o mal , entre o certo e o errado, colocando seu livre-arbítrio a serviço do bem .
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